quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

TETSUO: THE IRON MAN (Shinya Tsukamoto – 1988)

A primeira vez que assisti TETSUO foi em uma mostra chamada ORIENTE EXTREMO – O CINEMA TRANSGRESSOR JAPONÊS, em Junho de 2006 na Galeria Olido, aqui em São Paulo. Nesta ocasião tive a oportunidade de ver ótimos filmes, alguns inclusive estavam sendo exibidos pela primeira vez na telona por aqui.
TETSUO é um filme experimental, realizado inteiramente em 16 mm, com uma excelente fotografia em preto e branco e uma insana trilha sonora industrial. Isso é tudo que precisa ser dito sobre os aspectos técnicos da obra, não por falta do que analisar, mas porque a criatividade do diretor supera qualquer eventual amadorismo na feitura da película (este é o primeiro longa de Tsukamoto, após ter dirigido dois curtas coloridos em Super 8 entre 86/87).

Já na seqüencia inicial, em um ambiente que parece ser uma enorme funilaria, um homem introduz uma grande barra de ferro em um ferimento aberto em sua própria coxa. A partir daí é apresentado o protagonista, um salaryman psicótico que começa a ter devaneios bizarros nos quais é perseguido por uma mulher em uma estação de metrô, que aos poucos se transforma numa espécie de ciborgue ensandecida.

O filme possui um clima onírico, com uma edição rápida que não preza muito pela cronologia das cenas dentro do roteiro ou diálogos esclarecedores da trama, e a realidade do protagonista se confunde com suas alucinações e lembranças.
As mesmas transformações que ocorrem no corpo do misterioso homem que aparece em flashes imerso em um amontoado de bugigangas de metal parecem ocorrer involuntariamente no corpo do protagonista, e rapidamente vão provocar uma radical metamorfose em sua anatomia. São célebres as cenas do pênis transformado numa broca gigante e da sodomização com o que parece ser uma mangueira de aspirador com vida própria.
Apesar de que possa parecer um filme tosco ou apelativo, TETSUO é uma pérola do cinema underground mundial, com uma linguagem ousada e urgente, tendo ganhado status de Cult logo após as primeiras exibições na Terra do Sol Nascente. É com certeza um dos filmes mais cheios de estilo de sua década, e é freqüentemente citado como sendo o trabalho definitivo da estética cyberpunk no cinema oitentista.
A meu ver as partes mais criativas e interessantes da obra são as seqüencias em stop motion com os próprios atores correndo pelas ruas de Tóquio e a afiadíssima trilha sonora, que tive a oportunidade de ouvir num som alto, quase abusivo, tornando esta sessão em especial uma das mais marcantes experiências cinematográficas que já tive.

Recentemente um amigo me passou o link para o trailer de um filme japonês chamado MEATBALL MACHINE, e algumas cenas me lembraram TETSUO, ainda não sei muito sobre este filme, vou capinar na net por uma cópia do mesmo, e vamos ver se ele fica a par da expectativa. Se for metade do que é este clássico, já tá valendo!

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